«Pedem-lhes tudo, mas não lhes dão nada»

Nuno Rogeiro: PEDEM-LHES TUDO

Nuno Rogeiro «Pedem-lhes tudo, mas não lhes dão nada»
Nuno Rogeiro (facebook)

Pedem-lhes acção, mas inactivam-nas. 

Pedem-lhes missões, mas tiram-lhes capacidade. 
Pedem-lhes nobreza, mas passam o tempo a desonrá-las. 
Pedem-lhes disciplina, mas semeiam-lhes caos. 
Pedem-lhes fins, mas tiram-lhes meios. 
Pedem-lhes sacrifício, mas zombam com este. 
Pedem-lhes eficácia, mas só apreciam burocracia. 

Pedem-lhes operacionalidade, mas não a querem. 
Pedem-lhes espírito castrense, mas só sabem castrá-las. 
Pedem-lhes prontidão, mas só quando se lembram. 
Pedem-lhes união, mas manipulam-nas. 
Pedem-lhes honestidade, limpeza de processos e bom governo interno, mas eles próprios são exemplo do oposto. 
 
Pedem-lhes que não actuem em nada até nova ordem, mas depois queixam-se de que não há «tropa» nas matas nem na protecção aos civis. 

Pedem-lhes para estar quietinhas, bem comportadas, que o erário público paga, mas depois criticam-nas por serem demasaido civilistas, paisanas e sindicalistas. 

Pedem-lhes que façam a guerra, e depois que façam a paz, e que façam o que os políticos não conseguiram fazer, para depois as culparem por não terem conseguido nada. 

Pedem-lhes que disputem conflitos distantes, para depois dizerem que estes foram inúteis. 

Pedem-lhes que sancionem, persigam, descubram, penalizem as suas ovelhas ranhosas, o seus traidores, os seus desviados, os seus infieis ao juramento, os seus mercadores de moeda barata, os seus traficantes, mas depois tratam todos estes como «coitadinhos», «perseguidos» ou «vítimas da sociedade». 
 
Pedem-lhes competência, mas premeiam sobretudo a obediência. 
Pedem-lhes obediência, mas premeiam sobretudo o servilismo. 
Pedem-lhes servilismo, mas premeiam sobretudo a cumplicidade. 

Pedem-lhes independência, mas domesticam-nas. 
Pedem-lhes coragem, mas elogiam a cobardia. 
Pedem-lhes que defendam a bandeira e o povo, mas no fundo desprezam os dois. 

Pedem-lhes que protejam a Pátria, não até ao fim das suas vidas, mas só até ao fim das suas propriedades. 

Pedem-lhes que morram, mas injuriam os caídos. 
Pedem-lhes - discretamente - que desapareçam, mas não possuem a coragem de as dissolver. 

Pedem-lhes tudo, mas não lhes dão nada.

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