«Hoje faleceu a minha mãe» Carlos Paz


19-03-2015

Hoje faleceu a minha mãe.

Faleceu doente, triste e sozinha.

Sozinha porque eu, filho único, estou em Luanda a trabalhar. O trabalho de cujo rendimento preciso para viver. O trabalho que me é negado em Portugal por ser alguém que não me calo. E, mesmo desse rendimento, os senhores que nos governam me ROUBAM 90% (não é gralha, são mesmo 90%):
–  30% de IRS;
–  35% de TSU (tenho de pagar a minha e a do empregador – é assim mesmo para os recibos verdes), para uma Segurança Social da qual NADA tenho direito a usufruir;
–  20% de taxa média de IVA;
–  5% para os restantes impostos e taxas (IUC, IMI, ISPP, etc, etc, etc).

Faleceu doente, triste e sozinha uma Senhora que escolheu chamar-me Carlos, porque era um nome que, etimologicamente, significava: Homem Livre. Como todas as mães, ensinou-me muita coisa ao longo da vida. Mas, acima de tudo, ensinou-me a ser isso mesmo: um Homem Livre.

Faleceu doente, triste e sozinha, num País que se está a desagregar moralmente a olhos vistos.

Faleceu doente, triste e sozinha, num País que expulsa os que se atrevem a ser Homens Livres.

Faleceu doente, triste e sozinha. Não sei sequer se consigo chegar a tempo do funeral. Estou revoltado contra TODA a escumalha que me obrigou a estar longe, por necessidade de sobreviver.

Faleceu doente, triste e sozinha.

Em Honra dela, da Senhora que me ensinou a ser um Homem Livre, faço aqui uma promessa solene (de Homem de palavra que me Orgulho terem-me ensinado a ser):
– Não mais darei descanso a TODA esta CANALHA que a obrigou a falecer doente, triste e sozinha! Um dia estes CANALHAS, de TODAS as cores, mais tarde ou mais cedo, deixarão de andar rodeados de seguranças, públicos (pagos por nós todos) ou privados (pagos com o que nos roubam). E nesse dia eu irei aparecer qual assombração. 

E, mesmo tu, meu CANALHA de Estimação, que por inerência de funções terás segurança (da pública, paga por todos nós) para o resto da tua vida, mesmo tu, eu dizia: vais ter de olhar por cima do ombro muitas vezes. Mesmo a ti, um dia eu irei aparecer qual assombração.

Faleceu hoje a minha mãe. Faleceu doente, triste e sozinha. Estou revoltado!

Carlos Paz, professor de economia.

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